terça-feira, 15 de novembro de 2011

One hundred degrees

No mesmo final de semana em que tivemos o grandioso SWU, o Carioca Club trouxe a São Paulo o Kyuss, banda originária de Josh Homme, líder do Queens of the Stone Age, e banda cujos integrantes formaram, após o final em meados anos 90, outras bandas legais como Fu Manchu, Eagles of Death Metal e Mondo Generator - que é inclusive o nome de uma canção do Kyuss.


A formação que se apresentou por aqui veio composta por John Garcia (vocal), Brant Bjork (bateria, participou também do Fu Manchu e Mondo Generator), Nick Oliveri (baixo, mais famoso pelo Queens of the Stone Age mas também com participação no Mondo Generator), todos ex-integrantes durante os anos 90, e o guitarrista Bruno Ferery, cara nova na cena.


Não tenho a menor dúvida de que shows em lugares menores são bem mais legais e intensos que os de grandiosos festivais, e isso ficou mais uma vez comprovado, com a proximidade entre o público e a banda, a interação e até mesmo a tranquilidade do local, no sentido de não ter multidões, você poder ir embora com o transporte público e tomar uma cerveja por um preço justo ao lado da casa.


Em relação ao show, predominância total de Welcome to Sky Valley (1994), meu disco preferido do Kyuss, com algumas canções obrigatórias de Blues for the Red Sun (1992) e de ...And the Circus Leaves Town (1995), e "Fatso Forgotso", lançada na coletânea Muchas Gracias, em 2000.


Para não dizer que o show inteiro foi um ponto alto, eu destacaria a abertura, com "Gardenia", a minha favorita deles, "Supa Scoopa and Mighty Scoop", o que para mim foi um hit inusitado, "El Rodeo", e o final com "Green Machine".


Fazia tempo também que não saía dolorido de um show, depois de muito chacoalhar a cabeça e fazer parte do headbanging como há tempos não fazia. Um dos melhores shows que já fui, com certeza. Algum dia melhoro este texto.


SetList do show do Kyuss em São Paulo, dia 13 de novembro de 2011, no Carioca Club:


Gardenia
Hurricane
One Inch Man
Thumb
Freedom Run
Asteroid
Supa Scoopa and Mighty Scoop
Conan Troutman
Odyssey
Whitewater
El Rodeo
100º


Fatso Forgotso
Allen's Wrench
Green Machine

sábado, 11 de dezembro de 2010

I know you want what's on my mind

Em 2010 teve show para todos os gostos em São Paulo, desde a grandeza de Sir Paul McCartney até o caricato "show da banda do Kevin Costner", passando por ícones dos anos 80 como Bon Jovi e bandas no melhor da forma, a exemplo do Queens of the Stone Age. Sem falar em Smashing Pumpkins, Lou Reed, Rage Against the Machine, Pixies, enfim, a lista é bem extensa.

A temporada terminou com a apresentação do Stone Temple Pilots no Via Funchal na última quinta. Uma das melhores bandas dos anos 90, e tão diferente de Nirvana, Soundgarden e afins que certamente não se encaixa no rótulo "grunge" mas frequentemente é colocada como tal. Até que o primeiro disco, Core, tem um pouco essa pegada, mas conforme o tempo foi passando eles foram ficando cada vez mais únicos e estilosos.

Mas enfim... Era a primeira apresentação da banda no Brasil, mas não de seu frontman Scott Weiland, que em 2007 veio para cá em turnê com a Velvet Revolver, e demonstrou o que todos esperavam dele: a voz firme de sempre e a incomparável presença de palco.

Confesso que essa presença de palco foi o que me levou a comprar um ingresso inteiro para a pista premium para o show do Via Funchal: estava esperando uma experiência hipnotizante e inesquecível.

Por culpa minha própria, só consegui entrar no show no meio da segunda música, "Wicked Garden", o que acabou não me abalando tanto, uma porque tanto essa quanto a de abertura, "Crackerman", são exatamente do disco Core, que como um todo não me comove muito.

Com supreendente facilidade (até porque parecia que tinha mais gente fora do que dentro), conseguimos chegar à pista premium, bem perto do palco e, verdade seja dita, de Scott Weiland. A guitarra de Dean DeLeo em alguns momentos não se ouvia e o baixista Robert DeLeo me pareceu demasiado poser. O que eu estava esperando era o showman dos anos 90.

Porém Scott está alguns anos e muitos problemas mais velho. Em conversas com amigos depois do show, chegamos à conclusão de que ele estar vivo até hoje já é sorte o suficiente, depois de tantos problemas com cocaína, álcool e heroína, prisões, internações, expulsões de bandas (como do próprio STP em 2002) e do recente divórcio.

De fato ainda parecendo um pouco abalado, mas com a voz intocada, Scott Weiland e a banda fizeram um bom show. As músicas são boas, os músicos tecnicamente são ótimos e os problemas técnicos da guitarra foram resolvidos. A platéia (quase que exclusivamente gente que era adolescente nos anos 90) estava a fim e por isso tudo a atmosfera estava a favor e foi uma noite deveras agradável.

Pontos baixos: terem praticamente ignorado o melhor álbum deles, Tiny Music... Songs From the Vatican Gift Shop (1996) - tocaram apenas a última do show, "Trippin' On a Hole In a Paper Heart". Minha teoria sobre isso é que esse disco lembra eles de uma época em que pegavam muito pesado e que eles gostariam de esquecer. Outro ponto baixo: as músicas novas, convenhamos, são fracas.

Pontos altos: as duas músicas do disco Nº4, "Down" e "Heaven and Hot Rods", funcionaram lindamente, assim como quase todas do Purple (e foram várias: destaque para "Big Empty" - achei "Still Remains" um pouco devagar demais) e as duas primeiras do Core. Achei até que "Sex Type Thing" foi a que ficou melhor no palco, superando até mesmo o final com "Trippin' on a Hole In a Paper Heart", desde sempre a minha música favorita do STP.

Saldo final, positivo. Bastante positivo. Gostei de ter ido ver de perto uma das bandas que eu mais escuto faz tempo, e assim praticamente completar a missão de ter visto ao ao vivo a lista das minhas 10 bandas mais escutadas do Last.fm (Beatles não vai rolar por uma questão histórica, Andrew Bird porque ele nunca virá ao Brasil e Pulp pelos dois motivos).

E algo me diz que foi uma oportunidade única, porque o Stone Temple Pilots dificilmente volta ao Brasil, pelo menos na mesma forma em que veio na última quinta.

SetList:

Crackerman
Wicked Garden
Vasoline
Heaven & Hot Rods
Between the Lines
Hickory Dichotomy
Still Remains
Cinnamon
Big Empty
Dancing Days
Silvergun Superman
Plush
Interstate Love Song
Huckleberry Crumble
Down
Sex Type Thing

Dead & Bloated
Trippin' On a Hole in a Paper Heart

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Keep on playing our favorite song

Algum tempo atrás eu decidi que não voltaria a um show de grandes proporções, devido ao fato principalmente de que os contras cada vez mais se sobrepõem aos prós: grandes multidões, ver o show de muito longe, o fato de que uma viagem do banheiro ao bar poderia se chamar "Da Lama Ao Caos", os preços exorbitantes de tudo, para no fim, ver aquela banda que já foi grande disparando seus 'lado A'. A exceção à regra que eu mesmo criei seria uma eventual visita do Queens of the Stone Age, há bastante tempo minha banda preferida. Pois bem, foi o que aconteceu.

Sensações que há tempos não me eram despertadas em um show de repente voltaram: a ansiedade para chegar logo, a preocupação de garantir um bom lugar, a sensação de "puta que pariu, vai começar!", tudo isso de volta pela primeira vez desde... sei lá quando.

Consegui garimpar o setlist que eles usaram no dia, por isso vou comentar faixa-a-faixa.

Feel Good Hit of the Summer - um pequeno chiado no som e muita, muita fumaça. Mas a gente não estava nem aí. Todo mundo correndo para a frente, se empurrando e doido pra berrar "co-co-co-co-co-cocaaaaaaaaine!" o mais perto possível de Josh Homme e companhia. Como eu queria exatamente isso, experimentar intensamente o show, tava feliz da vida enquanto tinha que batalhar para ficar de pé. E bater cabeça.

O primeiro momento de forte emoção foi a emenda da primeira com The Lost Art of Keeping a Secret, exatamente do mesmo jeito que no disco Rated R. O Edu, que nos idos de 2004 tocava essa música comigo, estava junto e foi aquela comoção. A habitual "puxada de freio" na hora do "we got something to reveal", e aquela explosão no refrão. Sensacional.

Na seqüência, 3's & 7's, que o mesmo Edu tem a teoria de que tem esse nome por causa dar marcações de bateria (quem escutar a música pensando nisso identifica fácil fácil). Nessa hora a agitação inicial não sei para onde tinha ido, eu sei que me vi cercado de fãs do Linkin Park que não faziam idéia do que estava acontecendo, e fiquei assim durante algum tempo. Mesmo assim me divertindo deveras. E os grandes momentos habituais da canção.

Sick Sick Sick veio para elevar a velocidade e manter a massa em movimento. Consegui prestar um pouco mais de atenção na banda e lembrei que Joey Castillo (bateria) e Troy Van Leeuwen (guitarra) também são grandes músicos e fundamentais na potência do QotSA tanto ao vivo quanto em gravações.

Monsters In the Parasol foi uma das pequenas homenagens do Queens para os fãs de longa data. Pouca gente sabia o que estava acontecendo, além disso o telão deu pau e ficou azul durante a música inteira, mas mesmo assim, para mim foi aquela coisa do tipo "olha, essa aqui é para vocês, minha gente, vocês sabem quem". Haha, assim eu sinto.

Burn the Witch veio para trazer de volta o público, que pulou no começo, mas depois acabou parando. A linda Long Slow Goodbye, sobre a dor de um viúvo, foi outra grande surpresa, mas como essa nem agitada é, a turba acabou dando uma amansada. Serviu para curtir Troy tocando lap steel e dar uma respirada.

Até porque, de In My Head para frente, foi só no bate-cabeça. A canção, que foi introduzida por Josh Homme com "here is a sing-along for you", foi o que subiu de volta a animação geral, e fez com que naquele movimento de massa, eu acabasse indo parar no meio de alguns outros fãs fervorosos do QotSA, o que garantiu a curtição até o final.

Quando chegou Little Sister, para mim já estava claro que aquele show seria marcante. Banda coesa, som pesado, músicas excelentes, enfim, minha banda preferida ali na minha frente soltando uma pedrada atrás da outra. Não tinha o que fazer, a não ser pular, berrar, empurrar, ser empurrado e se segurar de pé. Fazia 11º de temperatura e eu suava em bicas. Coisa que não acontecia comigo em shows havia muito tempo também.

A primeira das quatro músicas tocadas de Songs for the Deaf, o álbum supremo de 2002, foi Do It Again, não exatamente uma música conhecida, mas que se mostrou ótima para esse tipo de show, com brecadas, uivos e tudo mais que faz a turba se integrar ao show.

Uma vitaminada versão de I Think I Lost My Headache foi a última surpresa, e essa sim, totalmente aclamada e com cantos emocionados. O final acelerado mostrou toda a empolgação da própria banda, que agradeceu muitas e muitas vezes o carinho dos brasileiros e foi para a parte final da apresentação em clima de festa.

Assim começou Go With the Flow, a música favorita de qualquer recém-iniciado em Queens of the Stone Age, e que fez um barulho danado. A comoção foi geral e levou naturalmente ao já esperado ápice do show.

O maior hit da história do QotSA, No One Knows, foi de longe a música mais aclamada e o momento mais intenso. Não sabia muito bem se me juntava aos colegas batedores de cabeça ou ficava olhando Joey Castillo revivendo aquelas viradas de bateria impossíveis. Acabou daquele jeito "tudo ao mesmo tempo agora", com o pula-pula chegando em níveis bem mais altos de violência. A parada para interagir com o público, as palmas antecedendo o verso "heaven smiles above me", tudo isso me fazia chegar à conclusão de que era, sim, o melhor da minha vida.

E tudo isso foi antes do momento mais cabeçudo da história da banda, A Song for the Dead. Eu já tinha a impressão de que seria a última música, até porque, uma vez tocada ela, não resta muito o que fazer. Quando Josh Homme começou a emendar os primeiros acordes, de novo comoção geral, de novo eu de olho no que o baterista faria. E preocupado se, ao final do pula-pula, estariam todos bem no final, porque vou dizer, o final dessa música não é fácil não. Mas deu tudo certo.

Satisfeito da vida, emocionado, feliz. Vi o Pixies tranquilo e sem dar muita bola. A missão já estava cumprida. Vai demorar mais alguns anos para me arrastar a um show grande de novo. Só na próxima vez do Queens of the Stone Age.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Ponto Zero

Este blog foi aberto há três anos e meio, mas durou mesmo apenas durante um deles, o que seria no calendário do futebol europeu a temporada 2007-2008. Muita coisa mudou de lá pra cá e, a bem da verdade, revisitei o que estava escrito aqui desde aquela época e não me identifiquei com muita coisa, ou ainda, achei desconexo e pessoal demais.

Isso eu não quero mais.

Muitos escritores de blog por aí usam seu espaço para se tornar, por um tempo, críticos de música e/ou de cinema (eu mesmo já me enquadrei nessa), ou fotógrafos das cidades, ou uma espécie de filósofos do mundo virtual. Nada disso também me interessa, a princípio.

Por enquanto, vamos continuar usando o sub-título de sempre, "anotações variadas sobre assuntos aleatórios", e fazer pelo simples ato de fazer. Porque eu tou a fim. Porque gostei desse layout do blog e quero preenche-lo. Porque tenho algum tempo livre e também quero preenche-lo. Porque acho que em alguns momentos eu tenho umas idéias boas e gostaria de registra-las.

Vamos ver o que acontece.

*Ponto Zero era um programa da MTV nos anos 90, que ia ao ar no domingo à noite e exibia em primeira mão os clipes que entravam na programação a partir daquele momento.